Sefarad

Os judeus sefarditas viveram em Sefarad, hoje Espanha, por mil anos, até serem expulsos na primavera de 1492. Durante o século XX, pródigo em totalitarismos, ditaduras e guerras, a palavra Sefarad tornou-se símbolo e metáfora dos exílios, que não foram poucos num período histórico em que milhões de pessoas foram perseguidas e teminaram deslocadas ou desarraigadas.A peregrinação dos judeus conduz esse afresco da exclusão, e seus personagens centrais, de carne e osso, são Franz Kafka e sua amante Milena Jesenska, o filósofo Walter Benjamin e o escritor Primo Levi. A galeria dos retratados, porém, é mais extensa e incorpora os que se exilaram não apenas em terras alheias como também na própria alma, por se sentirem excluídos da sociedade, da saúde, do amor.As fronteiras descritas em Sefarad , portanto, não são apenas étnicas e geográficas. Há também as que, dentro de cada criatura, negam oportunidades, fixam limites, destróem destinos. É o caso da história do sapateiro interiorano que vai tentar a chance na capital e se desintegra no cosmopolitismo; da mulher doente de câncer que espera a morte e não verá os filhos crescidos; do viciado em heroína que se consome nos becos de Madri; do rapaz que se descobre soropositivo. Eróticas, documentais, pungentes e sentimentais, as dezessete vidas e vozes resgatadas por Antonio Muñoz Molina transitam pelas fronteiras movediças da literatura, ora romanceadas, ora testemunhais, ora autobiográficas, mas sempre extraordinárias. Antonio Muñoz Molina, um dos mais premiados romancistas da Espanha, empreende um vigoroso trabalho de memória ao resgatar essas histórias anônimas ou conhecidas de aventuras, frustrações, ódios e amores vividos por aqueles que parecem ter sido expulsos do paraíso da humanidade. De sua autoria, a Companhia das Letras pulicou também Lua cheia Carlota Fainberg .

Traducciones de